Ariano Suassuna nasceu em, Nossa
Senhora das Neves, atual João Pessoa, em 16 de junho de 1927. Ariano, filho de
governador, nasceu no dia de corpus christi e foi festejado. Uma procissão
parou em frente ao palácio do governo para receber o anúncio de seu nascimento.
Sua primeira prova de fogo foi aos 3 anos de idade quando seu pai João
Suassuna, por motivos políticos durante a revolução de 30 foi assassinado.
A família ficou sendo comandada por Cássia Suassuna, se
fixaram em Taperoá, e foi lá que começou a sua formação cultural, com contato
com peça de teatro regionais e desafios de viola.
Em 7 de outubro de 1945 teve sua
estreia literária, com o poema de sua autoria chamado Noturno, que foi
publicado com destaque no jornal do commercio do Recife, onde estudava para
cursar a faculdade de direito.
Cursou
e se formou em direito. Sua vocação artística e literária se firmou durante a
faculdade, juntamente com Hermínio Borba Filho e outros intelectuais
pernambucanos, o grupo fundou o teatro do estudante Pernambucano, para levar o
teatro ao povo e criar uma literatura com raízes na realidade brasileira.
Sobrou
alguma coisa de Ariano advogado? “Não sobrou nada. Fui trabalhar como advogado porque não
tinha emprego. Eu já estava namorando com Zélia, queria me casar e um dos
maiores advogados do Recife me chamou para trabalhar. Eu trabalhei com ele, mas
logo me demiti, porque não tinha vocação.” – diz o
próprio Ariano.
Zélia, fez Ariano se arriscar na advocacia,
seria sua futura mulher, e influenciou na literatura de Ariano: antes dramática
e agora abre espaço para o riso e a ironia. É lembrado com carinho por Ariano o
primeiro encontro com Zélia: “O encontro com a minha mulher, foi um
acontecimento muito especial. Eu guardo as datas mais importantes ligadas a
ela. A primeira frase que eu disse à Zélia foi uma frase corriqueira, mas, pelo
fato de ter sido dirigida para ela, eu dei importância literária e poética, colocando-a
em um romance. Em 1956, escrevi ‘A História do Amor de Fernando e Isaura’,
baseado na história de ‘Tristão e Isolda’, porque eu queria pegar uma história
de amor desafortunada. O romance é a versão brasileira de ‘Tristão e Isolda’. A
primeira frase que Fernando diz a Isaura é a primeira frase que eu disse a
Zélia. Eu conheci Zélia andando na rua. Cheguei em casa dizendo que tinha visto
uma moça muito bonita e que ela tinha me dado importância. Minha irmã não
acreditou, dizendo uma moça bonita não ia me dar importância. Alguns dias
depois, ela confirmou que era verdade: - Para minha surpresa, o que você me
disse é verdade, porque a moça que você viu é irmã de uma colega de trabalho
minha – e ela me confirmou. Então eu já sabia que Zélia me conhecia. Por isso,
a primeira vez que vi Zélia na rua eu disse à ela: Você se importa de me
conhecer sem ter ninguém para nos apresentar? Ela disse que não se incomodava.
Alguns dias depois, ela me convidou para ir a uma festa. Esta festa foi no dia
20 de agosto de 1947 e foi aí que comecei a namorar com ela. Dia 6 de janeiro
de 1948, dia de reis, eu pedi Zélia em casamento e ela concordou. A partir daí,
eu passei a escolher as datas e a celebrar. Eu comecei a escrever a ‘Pedra do
Reino’ no dia do aniversário da Zélia, porque eu queria que ela trouxesse a sua
benéfica influência.”
Ariano escreveu sua primeira peça cômica em
homenagem a Zélia: “Tortura de um coração ou em boca fechada não entra
mosquito” teve participação de
mamulengos e foi dirigida por ele. Ganhou muitos prêmios e escreveu diversas
peças ao longo de sua carreira. “O auto da compadecida” sua obra mais
conhecida, foi considerada o texto mais popular do teatro brasileiro, foi
transformado em série de televisão e longa metragem para cinema
Foi professor de Estética da Universidade
Federal do Pernambuco, onde teve alguns alunos muito ligados a ele. Entre eles,
Jarbas Maciel, que foi seu companheiro no Movimento Armorial e Carlos Newton
Júnior, que é hoje o maior especialista no seu trabalho de escritor, tendo se
tornado professor. Em literatura, Ariano publicou A história do Amor de Fernando e
Isaura em 1956. Em 1958,
começou as anotações para o Romance
d´A Pedra do Reino, que iria concluir em 9 de outubro de 1970, data do
quadragésimo aniversário da morte de seu pai. Pela Universidade Federal de
Pernambuco, publicou em 1975, Iniciação à Estética.
Em 1970, ligado
diretamente a cultura iniciou o Movimento Armorial, interessado no
desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares
tradicionais. 18 de outubro de 1970 o movimento foi lançado no Recife com o concerto Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco
ao Armorial e com uma exposição de gravura, pintura e escultura.
Ariano deixou
sua marca na politica em 1995 durante o governo de Miguel Arraes, quando foi
nomeado secretário de cultura do estado de Pernambuco. Criou um sistema de
desenvolvimento cultural através de aulas-espetáculos, viajando para várias áreas do país, falando sobre os
aspectos de cultura brasileira.
Doutor Honoris
Causa pela Universidade
Federal de Pernambuco, imortal da Academia Brasileira de Letras, ocupante da
cadeira 35 da Academia Paraibana de Letras, Ariano Suassuna é um dos grandes
nomes do nosso panteão de intelectuais. E, mesmo não exercendo a advocacia
propriamente dita, é um dos maiores defensores da preservação da cultura
popular, da verdadeira verve do povo brasileiro.
Fonte: http://goo.gl/JTvBLM