quinta-feira, 24 de julho de 2014

Ariano Imortal


            Ariano Suassuna nasceu em, Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa, em 16 de junho de 1927. Ariano, filho de governador, nasceu no dia de corpus christi e foi festejado. Uma procissão parou em frente ao palácio do governo para receber o anúncio de seu nascimento. Sua primeira prova de fogo foi aos 3 anos de idade quando seu pai João Suassuna, por motivos políticos durante a revolução de 30 foi assassinado.
            A família  ficou sendo comandada por Cássia Suassuna, se fixaram em Taperoá, e foi lá que começou a sua formação cultural, com contato com peça de teatro regionais e desafios de viola.
            Em 7 de outubro de 1945 teve sua estreia literária, com o poema de sua autoria chamado Noturno, que foi publicado com destaque no jornal do commercio do Recife, onde estudava para cursar a faculdade de direito.
Cursou e se formou em direito. Sua vocação artística e literária se firmou durante a faculdade, juntamente com Hermínio Borba Filho e outros intelectuais pernambucanos, o grupo fundou o teatro do estudante Pernambucano, para levar o teatro ao povo e criar uma literatura com raízes na realidade brasileira.
Sobrou alguma coisa de Ariano  advogado?   “Não sobrou nada. Fui trabalhar como advogado porque não tinha emprego. Eu já estava namorando com Zélia, queria me casar e um dos maiores advogados do Recife me chamou para trabalhar. Eu trabalhei com ele, mas logo me demiti, porque não tinha vocação.” – diz o próprio Ariano.
Zélia, fez Ariano se arriscar na advocacia, seria sua futura mulher, e influenciou na literatura de Ariano: antes dramática e agora abre espaço para o riso e a ironia. É lembrado com carinho por Ariano o primeiro encontro com Zélia:  “O encontro com a minha mulher, foi um acontecimento muito especial. Eu guardo as datas mais importantes ligadas a ela. A primeira frase que eu disse à Zélia foi uma frase corriqueira, mas, pelo fato de ter sido dirigida para ela, eu dei importância literária e poética, colocando-a em um romance. Em 1956, escrevi ‘A História do Amor de Fernando e Isaura’, baseado na história de ‘Tristão e Isolda’, porque eu queria pegar uma história de amor desafortunada. O romance é a versão brasileira de ‘Tristão e Isolda’. A primeira frase que Fernando diz a Isaura é a primeira frase que eu disse a Zélia. Eu conheci Zélia andando na rua. Cheguei em casa dizendo que tinha visto uma moça muito bonita e que ela tinha me dado importância. Minha irmã não acreditou, dizendo uma moça bonita não ia me dar importância. Alguns dias depois, ela confirmou que era verdade: - Para minha surpresa, o que você me disse é verdade, porque a moça que você viu é irmã de uma colega de trabalho minha – e ela me confirmou. Então eu já sabia que Zélia me conhecia. Por isso, a primeira vez que vi Zélia na rua eu disse à ela: Você se importa de me conhecer sem ter ninguém para nos apresentar? Ela disse que não se incomodava. Alguns dias depois, ela me convidou para ir a uma festa. Esta festa foi no dia 20 de agosto de 1947 e foi aí que comecei a namorar com ela. Dia 6 de janeiro de 1948, dia de reis, eu pedi Zélia em casamento e ela concordou. A partir daí, eu passei a escolher as datas e a celebrar. Eu comecei a escrever a ‘Pedra do Reino’ no dia do aniversário da Zélia, porque eu queria que ela trouxesse a sua benéfica influência.”
Ariano escreveu sua primeira peça cômica em homenagem a Zélia: “Tortura de um coração ou em boca fechada não entra mosquito”  teve participação de mamulengos e foi dirigida por ele. Ganhou muitos prêmios e escreveu diversas peças ao longo de sua carreira. “O auto da compadecida” sua obra mais conhecida, foi considerada o texto mais popular do teatro brasileiro, foi transformado em série de televisão e longa metragem para cinema
Foi professor de Estética da Universidade Federal do Pernambuco, onde teve alguns alunos muito ligados a ele. Entre eles, Jarbas Maciel, que foi seu companheiro no Movimento Armorial e Carlos Newton Júnior, que é hoje o maior especialista no seu trabalho de escritor, tendo se tornado professor. Em literatura, Ariano publicou A história do Amor de Fernando e Isaura em 1956. Em 1958, começou as anotações para o Romance d´A Pedra do Reino, que iria concluir em 9 de outubro de 1970, data do quadragésimo aniversário da morte de seu pai. Pela Universidade Federal de Pernambuco, publicou em 1975, Iniciação à Estética.
Em 1970, ligado diretamente a cultura iniciou o Movimento Armorial, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais. 18 de outubro de 1970 o movimento foi lançado no Recife com o concerto Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial e com uma exposição de gravura, pintura e escultura.
Ariano deixou sua marca na politica em 1995 durante o governo de Miguel Arraes, quando foi nomeado secretário de cultura do estado de Pernambuco. Criou um sistema de desenvolvimento cultural através de aulas-espetáculos, viajando para várias áreas do país, falando sobre os aspectos de cultura brasileira.
Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco, imortal da Academia Brasileira de Letras, ocupante da cadeira 35 da Academia Paraibana de Letras, Ariano Suassuna é um dos grandes nomes do nosso panteão de intelectuais. E, mesmo não exercendo a advocacia propriamente dita, é um dos maiores defensores da preservação da cultura popular, da verdadeira verve do povo brasileiro.

Fonte: http://goo.gl/JTvBLM


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